A sabedoria que busco
"... então, eu estava com ele e era seu arquiteto..." Provérbios 8: 30

O canteiro de obras que almejo
"...Oh! Tomara que me abençoes e me alargues as fronteiras..." 1 Crônicas 4: 10

O lugar que prefiro
"Eu amo, Senhor, a habitação de tua casa e o lugar onde tua glória assiste." Salmos 26: 8

A cidade em que aguardo morar
"... da qual Deus é o arquiteto e edificador." Hebreus 11: 10

O Arquiteto que me inspira
"No princípio, criou Deus os céus e a terra." Gênesis 1:1

domingo, 6 de setembro de 2015

A arquitetura de educar

Ninguém nasce sabendo. Nasce capaz de saber, literalmente preparado, programado para aprender.

A tipologia do projeto da aprendizagem é padrão, porém sem jamais ser redundante. Projeto versátil, esse; bom estudar mais sobre ele. Pois aprender faz bem. Faz bem a que ensina, porque aprende, e a quem aprende, porque ensina.
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É comum haver alguém por perto sempre querendo aprender mais e mais. Já alguém aprender nada de absolutamente nada é incomum; improvável, até.

O fato é que se pode escolher sobre qual das diferentes estruturas se vai edificar o fluxo do conhecimento: a dos que transmitem ensinamentos e expõem-nos em prédios ou a dos que compartilham saberes e comunicam-nos sem paredes.

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A construção do ensino pode ser – tragicamente – estática e a do aprendizado sequer funda o alicerce se não tiver mobilidade. Ensinar requer disponibilidade e aprender pressupõe acessibilidade, e isso com barras de apoio a princípios e valores, rampas de acesso à humildade e elevadores de auto-estima, se for preciso.

Todo processo de educar é um convite à amplitude, já que o diâmetro da esfera de ensinar tem o comprimento igual ao da Terra, mas o raio de abrangência de aprender extravasa o planeta.

Pode levar tempo para entender que educação é um dom de aprender em mão dupla. Pois ensinar, por si só, é como um talento que se escolheu enterrar.

Alguns educadores ainda restringem seu dom a escolas físicas para que o saber aconteça. Muito disso porque alguns arquitetos ainda não projetam escolas como lugares de “transeducar”. Alguns médicos restringem seu dom a paredes por dentro das quais se exerça uma minimamente equipada prática da medicina. E alguns evangelistas limitam-no a templos onde pessoas podem ver o rosto do pregador, mas, aquém dele, o que vêem são as costas de seus irmãos e irmãs.

De fato, a despeito dos méritos funcionais das construções, alguns de nós ainda elegemos edifícios como fins em si mesmos. Atribuímos a prédios a categoria de único espaço para as práticas que exercemos, como único lugar de convergência daqueles que precisam do que fazemos. Quando, na verdade, fomos criados para andar, caminhar, para ir e alcançar pessoas onde quer que elas estejam, e compartilhar o que temos oferecendo-lhes quem nós somos.

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Educamo-nos uma vida inteira para isso, para o trabalho. E o trabalho que exercemos tem o fim de também educar. Trabalhar, também por definição mover-se (1), pode continuar a ser conveniente e confortante quando acontecer bem aqui. Entretanto, será a verdadeira obra – edificante, ainda que sem paredes – quando resgatarmos o conceito sobre o uso de nossos dons, o de que a missão de cada um de nós foi pensada para acontecer, sim, aqui e ali, mas também lá onde fica o aqui – físico ou intelectual – de alguém (2).

Nada mais gratificante a quem leva o conhecimento para construir um saber do que voltar mais sábio do que antes se conhecia, e ciente de que está menos sábio do que a próxima fronteira cruzada o fará.

A arquitetura de educar não se esgota nas linhas; caminha. E não admite bordas; transborda.

SJ

(2) FREIRE, Paulo – Virtudes do Educador, item 4: Diferenciar o aqui e agora do educador do aqui e agora do educando, páginas 5 e 6 http://pt.slideshare.net/tonyesther/paulo-freirevirtudesdoeducador